Sem suspiros nem reclamações, tudo foi feito como da primeira, mas pela última vez. O silêncio e a solidão se acomodaram no sofá da sala e ali ficaram. Algumas pessoas tem paz, amor e tudo mais de valor que existe nessa vida e não valorizam. Acreditam que sentimentos e presença não são suficientes para alimentar a sua alma e o seu ego inflado. Querem ostentar o que não tem. Querem mostrar para o mundo inteiro o quanto a sua vida é feliz e realizada, quando, na verdade, essas pessoas não tem é nada. Não cultivam nada dentro do peito e o que as preenche é um grande vazio.
Para o outro, repetir as mesmas conversas e os mesmos conselhos não adianta mais. A alegria de compartilhar a vida, some, vai pelo ralo junto com todos os esforços para tentar construir algo sólido. O tão desejado sossego e a paz de espírito não conseguem nem chegar perto daquele apartamento, cheio de orgulho ferido, desentendimentos e egoísmo.
É nesse momento que vamos buscar em nós mesmos a força para reverter essa situação. Não podemos nos deixar abalar pela mesquinharia e pela forma como o outro te trata. Ele vê em você apenas o que ele não consegue suportar em si mesmo. Projeta no outro todas as suas frustrações e mágoas. Não consegue enxergar que aquele que ele toma por inimigo, doente e louco, é o seu mais fiel companheiro, é aquela pessoa que sempre lutou para que tudo pudesse dar certo.
Mas ninguém é de ferro e cada um sabe o peso que consegue carregar. Quando a cabeça cansa e as costas começam a incomodar, chega a hora de abandonar o barco e ir encontrar consigo mesmo em um lugar que permita esse tão sonhado encontro. Pois, só assim, poderemos estar prontos para sermos o melhor para as próximas pessoas que cruzarem o nosso caminho.
Queremos viver, queremos saber o que se faz com tanta coisa que existe dentro de nós e o que se leva de tudo isso. Cada experiência que passamos nessa vida ajuda a construir o nosso novo eu todos os dias.
