Eu perdi tudo o que eu tinha, tudo o que eu amava, tudo o que eu sonhava. Perdi noites ficando em casa e muitas outras ficando em claro, buscando algo por aí. Senti o que é a verdadeira solidão. Senti o quanto dói a perda e aprendi que sempre pode doer mais.
Senti o corpo curar, desintoxicar, para depois apodrecer novamente, doer ainda mais. Vi a dor de perto e a vontade de acabar com tudo ficar ainda maior. Quis parar de sentir dor, como se nada nunca tivesse existido, mas não deu.
Fujo todos os dias de uma sombra, de uma lembrança que volta a cada vez em que eu me olho no espelho. Sinto falta do meu corpo, da minha alma. Da cor e da vida que eu via em tudo o que estava ao meu redor. Hoje nada mais tem cor, nada tem gosto e nenhum lugar é um bom lugar. Hoje o que eu sinto é dor e vazio. Desespero e vontade de acabar com tudo. Simplesmente sumir, simplesmente ir embora. Virar nada, voltar ao pó.
Não quero voltar para o buraco de onde eu saí. Não quero acabar nessa solidão sem fim. Quero reencontrar a alegria e a cor dos meus dias. Quero pegar de volta a chave do meu coração, da minha existência. Nada do que eu vejo ao meu redor é real, é bonito ou colorido. Tudo está apagado, suspenso e inerte, esperando você voltar.
Sei que essa espera é em vão, então, me levando, sacudo o poeira dos joelhos e alma e recomeço a caminhar. Um passo de cada vez. Ninguém quer regredir, ninguém quer voltar para trás e sinto vergonha de ter permitido que tudo isso tivesse acontecido comigo. Talvez essa vergonha já seja um sinônimo de melhora, um sinal de que tudo está começando a entrar nos eixos, de que estou voltando a tomar as rédeas da minha existência e só agora consigo enxergar o quanto foram absurdas as situações pelas quais já passei.
É como dizem, não é o que fazem para você é o que você permite que te afete. Levante-se, seja humilde para admitir quando errou, peça perdão, orgulhe-se de ser quem você é e siga em frente, não tentando ser ou parecer melhor do que os outros, mas sim sendo a melhor versão de você mesmo.
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