Quando criança, meu mundo era só meu, era imaginação e era também solidão. As brincadeiras solitárias eram o principal passatempo da filha única tímida com poucos amigos.
Os livros foram os maiores companheiros nesse período e, com eles, aprendi a sonhar e a acreditar que mil aventuras me esperavam para além das paredes do meu quarto. Inventava mil histórias e fazia minha magia acontecer. Já fui longe demais decorando o carpete da sala com giz de cera, mas para quem sonha, as estrelas estão no nosso coração.
Vivi aventuras ao lado de Peter Pan, gargalhei com as ironias e a esperteza do Snoopy e brinquei muito ao lado de Pedrinho, Narizinho e Emília lá no sítio. Até um amigo chileno conquistei, com as revistas do Condorito que o pai de uma amiga nos emprestava e meu pai, acostumado com o castelhano falado lá na fronteira, me ajudava a decifrar.
A literatura me deu casa e me ensinou a criar o meu próprio mundo. Hoje, mesmo muito longe daqueles tempos, trago na minha estante os melhores companheiros e os mais fiéis amigos e incentivadores daquela criança que continua aqui, me ensinando a nunca parar de sonhar com as estrelas.