Quando alguém troca você por um celular, nem adianta perguntar o óbvio. Está límpido e claro, como a água da fonte mais pura que não existe mais nada. Nada ainda vive para ser salvo.
Ame alguém que larga tudo e todos para ficar ao seu lado, para ouvir a sua voz, para sentir o seu cheiro. Ame quem prefere o toque do seu corpo ao toque frio de uma tela de smartphone. Acho que é por isso que eu não acredito no amor. No meu sim, no amor dos outros, não. Deve ser porque nunca vi alguém agir de forma verdadeiramente amorosa, já vi gentilezas, um certo companheirismo, mas nunca o amor incondicional. Sempre foi “enquanto eu precisar de você”.
Deixei de acreditar no “para sempre”. Sonhei muito com isso, mas hoje vejo que isso não existe também. Não é real e muito menos possível. O que existe são um amontoado de sentimentos egoístas buscando apenas a própria satisfação.
Procura-se um amor que também ame. Não aquele amor xoxo e morno. Mas aquele amor de quem fica com água na boca só de pensar em mim, mais do que fica quando pensa em pizza de chocolate.
Quero que o meu amor venha por inteiro, mas sem conexão, sem wi-fi e nenhuma parafernália eletrônica. Não quero ser um objeto da sua mobília, esperando você acabar os seus passatempos para ficar livre para mim. Quero que o meu amor se livre do resto para ficar comigo. E quero que ele me convide a fazer parte do que é impossível se livrar. Quero estar com o meu amor nas horas boas e ruins, mas quero tornar todas as nossas horas boas também.
Não quero esse vazio que a falta de um amor me deixa no peito. Um vazio que vários vêm tentando preencher sem a minha permissão, enquanto eu fico dizendo “tem gente” e continuo guardando o seu lugar. Mesmo sabendo que se fosse você o amor que eu procuro, você estaria aqui ocupando cada centímetro do meu corpo e da minha alma. Mesmo sabendo que aqui está vazio porque você está lutando arduamente para ocupar lugar em outro coração.
A ausência do amor que eu procuro acostuma, o espaço que estava reservado está cada vez menor e não tem mais nenhum aviso de “Não entre”.
