O tempo passa e as coisas mudam. Dizem que com o andar da carroça a carga se acomoda e tudo fica no seu devido lugar. Agora, resta descobrir se esse “acomodar” é bom ou ruim.
Se encaixar perfeitamente no abraço do outro, não se incomodar com as pequenas diferenças e saber o que o seu amor está pensando apenas com um olhar, são realmente coisas que valem a pena se habituar. Mas, e o outro lado da palavra “acomodar”? Com essa acomodação, os sentimentos também passam por esse processo, às vezes simplesmente abrandam o seu vigor e se tornam algo maduro e fértil. Terreno perfeito para a construção de um amplo e alto edifício de companheirismo e compressão. Em outras ocasiões, tudo esfria e diminui. Vemos a confiança dar lugar à insegurança e descobrimos que nem tudo é o que parece e nem todos são ou pensam como nós.
A vida é cheia dessas descobertas. Dessas e de muitas mais. Boas e ruins. Alegres ou tristes. Fáceis ou difíceis. E nem sempre é tudo assim, preto no branco. O que muito queremos, pode nos privar de algumas outras coisas que gostamos muito também. Nessas horas, precisamos saber ponderar o que mais nos fará bem naquele momento e ir em frente, encarar todas as consequências de cabeça erguida.
Essa carroça cheia de melancias que é a vida deve levar muito tempo para se acomodar de verdade, pois a cada dia vivemos e conhecemos novas situações e pessoas. De todas, a descoberta que mais me modificou, foi entender que ser adulto é muito mais difícil do que parece e que, se tudo se acomodar talvez seja apenas a carroça que parou.
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