Bom gente, o post dessa semana dos Pensamentos Infinitos não é de minha autoria. Recebi uma excelente contribuição e a pedidos do autor, sua identidade vai ser mantida em anonimato. O texto é como uma resposta ao post Você acaba de perder a mulher da sua vida do blog Entre Todas as Coisas.
Aproveitem a leitura e comentem, vai que rolam mais textos, hein?
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Então, eu perdi a mulher da minha vida, amigo? Talvez. Não sei ao certo. Mas me deixe comentar sobre uma carta. Aquela que escrevi mentalmente em busca de uma dose de indulgência para acompanhar o cigarro barato. Não foi desinteresse. Foi o tempo, a rotina e, principalmente, a indiferença dela. Se ela pensa que me desinteressei ao conhecê-la, tenha certeza de que ela se desinteressou depois. Talvez não tenha sido suficientemente gentil, perdi a missa dominical ou simplesmente não era boa companhia para a balada, dada a minha forma desajeitada de "dançar". Não sei ao certo. O motivo nunca me foi revelado. Acredito que nem mesmo ela soubesse exatamente o que estava acontecendo. Confusa, inerte, desmotivada.
Não identifiquei o momento exato em que aconteceu. Não percebi. Homens são distraídos, certo? Embora não tocasse nenhum instrumento, seria dela o solo final. Não meu. Eu apenas fazia a base no meu contrabaixo surrado de sentimentos e nem sabia disso. Ela queria a novidade, o ar fresco que todo relacionamento novo tem. Eu queria a fruta madura, a árvore que não se abala com o vendaval, pois está protegida por raízes profundas. O ar perdera o sabor outonal. As raízes não cresceram no solo infértil.
E, já que a conversa fica entre nós, confesso meu crime. Insensível? Culpado! Porém aqui faz-se necessária uma pequena explicação. Nunca quis demais. Nunca exigi muito. Meu crime maior foi não ter tido a sensibilidade necessária para perceber as necessidades dela antes que fosse tarde demais. O lago secou e não havia tempo para uma dança da chuva. Ainda mais uma dança desajeitada como comentei antes. Só não pense que foi de repente. Isso aconteceu ao longo do tempo, um tempo razoável. A pele dela, sem marcas visíveis, foi curada aos poucos, enquanto ainda desfrutávamos da companhia mútua. A minha, por outro lado, seria dilacerada sem esse tipo de benesse. De qualquer forma, também não ficaram marcas desse lado do tabuleiro. Empatamos. Ninguém perde, ninguém ganha.
Fico feliz que ela esteja bem. Um tanto clichê, mas bem verdade, não se deve desejar a outrém o que não quer para si. Que o tempo não dê a ela nada do que passei. E, aproveitando a oportunidade para minha defesa, peço que não acredite em tudo que é publicado em rede social, do que sai da boca em momentos de tristeza ou mesmo em cartas distraidamente esquecidas em livros de biblioteca. E tudo de melhor para minha amiga. É o que desejo para ela.
Tudo de melhor, minha amiga.