“bruxa!”, nos xingam eles.
ou pensam que xingam.
toda bruxa é uma mulher
que deixou sua raiva-fogo
incendiar o mundo
ao seu redor
no clarão das chamas
que se alastram
rapidamente,
vemos o caminho
a seguir.
a história
das mulheres
se escreveu em meio
ao cheiro de queimado
por séculos
& séculos
agora, não mais!
essa é a luta
de todas as que venceram
as chamas do preconceito
e da opressão
& descobriram como
amar profundamente
a si mesmas,
do jeito que são.
Aqueles que consideram “bruxa” um xingamento não poderiam estar mais enganados: bruxas são mulheres capazes de incendiar o mundo ao seu redor. Resgatando essa imagem ancestral da figura feminina naturalmente poderosa, independente e, agora, indestrutível, Amanda Lovelace aprofunda a combinação de contundência e lirismo que arrebatou leitores e marcou sua obra de estreia, A princesa salva a si mesma neste livro, cujos poemas se dedicavam principalmente a temas como relacionamentos abusivos, crescimento pessoal e autoestima.
Agora, em A bruxa não vai para a fogueira neste livro, ela conclama a união das mulheres contra as mais variadas formas de violência e opressão. Ao lado de Rupi Kaur, de Outros jeitos de usar a boca e O que o sol faz com as flores, Amanda é hoje um dos grandes nomes da nova poesia que surgiu nas redes sociais e, com linguagem direta e temática contemporânea, ganhou as ruas. Seu A bruxa não vai para a fogueira neste livro é mais do que uma obra escrita por uma mulher, sobre mulheres e para mulheres: trata-se de uma mensagem de ser humano para ser humano – um tijolo na construção de um mundo mais justo e igualitário.
Mais um livro que eu devorei em pouquíssimo tempo e li de novo e de novo. Quero que todas as mulheres, esses seres maravilhosos que habitam este planeta, tenham acesso a livros assim. Que aumentem nossa autoestima, que nos acolha com carinho e empatia. Os temas tratados são delicados e podem ser gatilho para muitas pessoas. Os poemas são atuais, pertinentes e empoderadores, ao mesmo tempo que nos fazem pensar, nos deixam com vontade de lutar e nos dão forças para continuar nos fazendo entender que somos únicas, mas não estamos sozinhas. Somos fortes, mas podemos nos apoiar umas nas outras. Somos poderosas, mas às vezes nos falta confiança e está tudo bem.
Da mesma autora de A princesa salva a si mesma neste livro, A bruxa não vai para a fogueira neste livro tem uma dedicatória especial a uma personagem Em Chamas que usou um vestido de fogo e a incentivou a incendiar o seu mundo. Algum palpite de quem seja?
Cada poema é uma obra especial, com diagramações diferentes e que fazem parte da história sendo contada. O conjunto todo faz parte da leitura e torna o livro mais rico.
A bruxa não vai para a fogueira neste livro é divido em quatro partes, cada uma com mensagens muito poderosas que nos fazem refletir.
I. o julgamento
ser uma
mulher
é estar
pronta para a guerra,
s a b e n d o
que todas as probabilidades
estão
contra você.
- & nunca desistir apesar disso
II. a queima
pronto para uma
verdade dura?
as mulheres
não precisam
da sua validação
nós
já temos
a nossa própria.
- meu próprio valor não deveria parecer um ato de coragem.
III. a tempestade de fogo
realizar
os
desejos dele
não
é
o
objetivo
desta
vida.
- há muito mais esperando por nós.
IV. as cinzas
Muros
devem
ser levantados
apenas
para manter
tiranos
inflamados
do lado de fora.
- & vamos garantir que ele fracasse.
No início de cada um a gente aprende uma lição de fogo e ao final de cada uma, você aprende um dos mandamentos das bruxas. <3
Uma outra coisa que este livro me deixou pensando, é sobre o fato de termos livros para as mulheres, geralmente livros escritos por mulheres e sim, para esse público específico, mas que os homens naturalmente nem cogitam colocar os olhos sobre, experimentar ler um trecho, tentar se colocar na nossa pele. Para os leitores homens, fica o desafio, você não gosta de ler obras para viver aventuras na pele de outros personagens? Ver as coisas pela perspectiva de magos, guerreiros, detetives, pessoas que vivem em outros tempos, já pensou em tentar imaginar a grande aventura que é ser mulher?
Senti que esse livro é muito mais dolorido do que o primeiro, traz mais machucados, mas nos ajuda a levantar e fala muito mais da força que precisamos ter para sobreviver e de como isso pode ser difícil em muitas vezes, mas por mais vezes que caímos, sempre encontramos uma fagulha dentro de nós que nos ajuda a levantar e incendiar tudo novamente.
Amanda, aclamada como uma das principais vozes de sua geração, constrói uma narrativa poética de tons íntimos e cotidianos que acolhe o leitor a cada verso, tornando-o cúmplice e participante do que está sendo dito. Devoradora de palavras e leitora ávida e apaixonada de contos de fadas desde a infância, era natural que Amanda Lovelace começasse a escrever seus próprios livros. E foi o que ela fez. Quando não está lendo ou escrevendo, pode ser encontrada aguardando seu café com especiarias para voltar à maratona de temporadas de Gilmore Girls.
Poeta vitalícia e atual contadora de histórias, mora em New Jersey com seu noivo, seu gato temperamental e uma coleção de livros tão grande que em breve precisará de uma casa só para ela. Bacharel em Literatura Inglesa, cursou também Sociologia. A princesa salva a si mesma neste livro é sua estreia na poesia e o primeiro livro da série Women are some kind of magic”. Seu site oficial é www.amandalovelace.com, mas Amanda também pode ser encontrada como ladybookmad no Twitter, Instagram e Tumblr (ainda não descobriu como funciona o Snapchat).
A bruxa não vai para a fogueira neste livro - Amanda Lovelace - 208 páginas - Editora Leya
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