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Resenha - Na minha pele

10/11/2020 - Taíla Quadros
#resenha #opinião #livro #na minha pele #lázaro ramos

Sinopse:

 

Compartilhando experiências e reflexões pessoais, o ator, diretor e escritor Lázaro Ramos convida o leitor a vestir outra pele, num relato sobre tomada de consciência, respeito à diferença e atitude.

 

Movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. Ainda que não seja uma biografia, em Na minha pele Lázaro compartilha episódios íntimos e também suas dúvidas, descobertas e conquistas.

 

Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismos, Lázaro nos fala da importância do diálogo. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro.

 

Resenha:

 

Não existe racismo no Brasil.

 

Ah tá.

 

Com toda a certeza você já ouviu essa frase de alguém, muito provavelmente de pessoas bem próximas a você, se não foi você mesmo que pensou isso em algum momento da vida. Antes de seguir por aí repetindo frases feitas baseadas em realidades que você nunca viveu, que tal ouvir quem passa por isso todos os dias? Quem sente na pele a diferença de olhares, de tratamento e de oportunidades.

 

Em Na Minha Pele, Lázaro Ramos conta um pouco da sua vida, desde a sua infância (você sabia que ele nasceu numa ilha que até hoje não tem energia elétrica?), passando pela escola, pelas escolhas profissionais, pela atuação, vida a dois e tudo isso sob a ótica do homem negro, tentando não cair em estereótipos, mas na grande parte das vezes se vendo como único nos lugares que frequentava. Pelo menos na vida adulta, quando ele saiu da Bahia, do seu núcleo familiar e do grupo de teatro que fazia parte, seus lugares de apoio e proteção, como ele disse. Muitas vezes sendo o exemplo, quando na verdade ele se percebe como exceção.

 

Ele fala um pouco sobre sua esposa, a Taís Araújo, mas não quer falar por ela e sabe que ela trava suas próprias batalhas no recorte de negra e mulher. Mas é bem interessante que Lázaro cita e indica referências atuais, de programas, cantores, influenciadores,... Para algumas pessoas isso pode ser surpreendente, talvez pela sua idade, mas mostra o que ele está atualizado e acompanhando tudo o que acontece e como a representatividade faz a diferença.

 

O livro traz reflexões sobre o que passar para os filhos, como ensinar e o medo de saber que não é possível evitar certas situações que eles enfrentarão na vida. O jeito é prepará-los. E quando saber a hora certa de trazer um assunto tão pesado e difícil para crianças? E pensar que poucas têm o privilégio de serem preparadas em casa, muitas aprendem com a vida e a duras penas.

 

Um livro de rápida leitura, mas com conteúdo para longas conversas e discussões.

 

É um livro um pouco em cima do muro, talvez, para quem está mais inteirado e vivencia todos os dias a luta contra o racismo. Mas é muito importante ver como o autor fala para os não negros, trazendo lições e aprendizados. É de extrema importância que esses assuntos sejam popularizados e nada como uma personalidade tão reconhecida nacionalmente para dar voz a tantas coisas que precisam ser ditas e entendidas.

 

Bom, por mais que eu tenha empatia e que já tenha vivido algumas situações bem absurdas por aí, acredito que não estou no melhor lugar para falar sobre o tema. Por isso deixo aqui dois vídeos bem legais para aumentar essa reflexão:

 

Esse é a resenha da Gabi Oliveira sobre o livro:

 

E essa é uma entrevista do próprio autor sobre os temas da obra:

 

Sobre o autor:

 

Lázaro Ramos nasceu em 1978, em Salvador, na Bahia. Ao longo de sua carreira, já dirigiu, produziu, escreveu e atuou em inúmeros longas, curtas, séries, novelas, especiais e espetáculos teatrais. Começou no Bando de Teatro Olodum, e o filme Madame Satã (2002) foi seu primeiro grande sucesso. Acumula mais de sessenta prêmios em teatro e televisão. Foi indicado ao Emmy 2007 de melhor ator por sua interpretação como Foguinho na novela Cobras & Lagartos.

 

Em julho de 2009, foi nomeado embaixador da Unicef. Atuou em filmes como O homem que copiava (2003), Cidade baixa (2005) e Tudo que aprendemos juntos (2015). Na televisão, comanda o programa Espelho, no Canal Brasil, com doze temporadas. No teatro, destaques para Um tal de Dom Quixote (1998), A máquina (2000) e O topo da montanha (2015).

 

Onde eu comprei: peguei emprestado com a minha mãe, mas fui eu quem deu de presente. (quem nunca deu um livro para pedir emprestado depois?).

Quanto custou: Paguei em torno de 25 reais na época.

 

Na Minha Pele – Lázaro Ramos – 147 páginas - Editora Objetiva

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